Plataforma de Comunicação AB

Plataforma de Comunicação Amaro Branco – TVAB (2011-2012)

A comunidade do Amaro Branco está situada na periferia do sítio histórico de Olinda, patrimônio cultural da humanidade. O bairro nasceu como colônia de pescadores e ocupa hoje uma posição relativamente central em relação às edificações históricas da localidade. Apesar disso, a realidade social do Amaro Branco se distingue totalmente do contexto turístico em que a cidade alta está inserida.

A situação de pobreza de parte da população que vive no bairro, acrescida pelo descaso do poder político, atrai para a comunidade problemas sociais como o tráfego de drogas, a violência e a degradação ambiental. Fatos que não condizem com o todo da comunidade e são dimensionados pela mídia sensacionalista do estado como totalidade dessa população. Na perspectiva do direito humano à comunicação, dar autonomia e conhecimentos técnicos a jovens da comunidade, para que eles possam apoderar-se dos meios de comunicação e ajudar à transformação positiva de toda a comunidade, é a primeira grande justificativa do projeto.

A “TV Amaro Branco” visa assim, a inclusão social dos participantes no projeto e o resgate de cidadania a partir das relações estabelecidas com a comunidade, ao mesmo tempo em que permite conscientizar a população na melhoria das próprias condições de vida. Em Amaro Branco há um segmento importante do coco de roda em nosso estado e essa relação chamou a atenção de documentaristas de fora do bairro, que registraram o folguedo no longa e no média-metragem “O Coco, a Roda, o Pneu e o Farol”, de Mariana Fortes e “Coco que Roda” de Osmar Assis.
O Pastoril “Estrela de Belém”, em atuação desde a década de 50, a Escola de Samba Oriente; entalhadores, escultores e até pintores “naif” que nunca foram documentados.

O registro audiovisual de toda essa efervescência cultural pelo olhar de quem a vivencia – pelos próprios moradores do Amaro Branco – é outra justificativa do projeto. Acreditamos que os moradores podem assumir a responsabilidade de garantir a memória coletiva da comunidade onde vivem, de modo a alterar a pouca participação da sociedade civil organizada na dinamização cultural da própria comunidade, algo fundamental para a resolução de conflitos sociais. Permitir que essas pessoas participem ativamente através de meios que eles próprios empatizam, como novas tecnologias – vídeo, som, edição em computador, projeções – garante a continuidade do presente projeto para um futuro próximo e mesmo para a criação de plataformas de comunicação similares em outras comunidades. Tal projeto de comunicação que valoriza as pessoas e os saberes de comunidades periféricas, em Pernambuco encontra respaldo na atuação, durante os anos 1980 e início dos anos 90, da TV Viva (Olinda/PE). No entanto, destacamos também o surgimento e atuação de grupos juvenis que por volta de 2004 foram se formando no estado e que atuam até hoje em produção e exibição nas ruas com vídeos que retratem suas comunidades de forma afirmativa.

São os casos do “Coletivo Gambiarra Imagens”, do bairro da Campina do Barreto, Recife, e do projeto “Tem Preto na Tela”, na comunidade do Portão do Gelo, Olinda. Centro de Comunicação da Juventude (CCJ – Recife) é outro coletivo ativo.

Finalmente, a parceria entre o Ponto de Cultura Coco do Amaro Branco e a equipe técnica deste projeto é outra mais valia a ter em conta, uma vez que o centro é a entidade cultural de referência na comunidade e as pessoas envolvidas, além de moradoras do Amaro Branco e de Olinda, contam com outras experiências em oficinas de vídeo e TVs de rua em comunidades, desde a cidade de Camaragibe na Região Metropolitana do Recife até experiências internacionais em Barcelona e Donostia-Espanha.

Direção
Alexandre Salomão/Rui Mendonça/Natália Lopes

Montagem
Alexandre Salomão
Zé Diniz

Finalização
Alexandre Salomão

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